O prejuízo sempre é nosso...

Daqui a pouco devo me arrumar e ir ao Fórum.  Motivo: recebi uma nota de cinquenta reais falsa no caixa eletrônico no ano passado.  Isso virou um grande aborrecimento. Vou tentar resumir sem maiores reflexões, até para não me atrasar. Eu precisava sacar dinheiro para deixar em casa e estava ficando muito tarde. Eu tinha que me encontrar com um cliente no dia seguinte bem cedo. A solução mais próxima e mais segura parecia ser ir ao caixa do Banco 24 Horas do supermercado perto de casa. Consegui chegar lá com as portas quase fechando e saquei cem reais. Comprei um item qualquer somente para ter trocado para as passagens e fui embora.
No dia seguinte, deixei uma pequena lista de compras e a nota de cinquenta para meu filho ir ao mercadinho perto de casa, e fui para meu compromisso. Não estava nem no meio do caminho e ele me ligou dizendo que tinha feito o que eu pedi, mas que tinha tido que devolver tudo porque a gerente do mercado disse que a nota era falsa. Ela até foi educada, mas é um mercado pequeno, todos viram ele tendo que devolver todas as compras depois de passar no caixa. E pequeno significa também somente frequentado por vizinhos. Retornei imediatamente para saber o que realmente estava acontecendo.
Para ser sincera eu não sei identificar a diferença entre uma nota verdadeira ou falsa. E, naquele momento em especial, eu precisava daquele dinheiro. Eu sempre confiei muito no Bradesco, sempre tive minhas dúvidas esclarecidas , com cordialidade, e costumava comentar que nunca deixaria de ter conta nesse banco. Não é que eles sempre fizessem tudo o que eu pedia, em absoluto. Nenhuma relação de consumo é assim. Mas eu tinha perfeita confiança quanto às orientações que me davam. Então fiz o que me parecia lógico: liguei para o atendimento telefônico para me orientar sobre o que fazer. Expliquei a situação e a atendente, de maneira até tranquila e educada, me orientou a procurar uma agência próxima com a nota e o extrato e lá eles procederiam o recolhimento e substituição por uma nota verdadeira. Foi o que fiz.
Procurei a agência de Campo Grande, na rua Augusto de Vasconcelos, em Campo Grande, tirei um extrato e fui ao atendimento. A pessoa que me atendeu pareceu surpresa e não sabia muito bem como proceder. Foi diversas vezes consultar outras pessoas dentro da agência. Algum tempo depois voltou, me pediu para elaborar uma solicitação em um papel em branco e me informou que em três dias o valor seria depositado em minha conta. Tudo bem, dos males o menor.
A essa altura já dá para perceber que eu não consegui ir ao meu compromisso. Liguei, me desculpei e expliquei a situação. Quando perguntada sobre o que ia fazer, respondi confiante que meu banco já tinha me dado solução. Que tolinha. Voltei ao mercadinho para falar com a gerente, pedir desculpas e informar que já estava tudo acertado. Não queria que meu filho adolescente fosse um dia apontado como o rapaz que tentou passar dinheiro falso no bairro. Acabei comprando algumas coisas no cartão de crédito, como expressão de nossa boa fé.
Não sou dessas pessoas chatas, se me dão um prazo eu não retorno nem um minuto antes do estipulado. Voltei então à rotina de trabalho. Quando faltava um dia para completar o prazo recebi uma ligação de São Paulo. Era uma atendento do 24 Horas, dizendo que a agência não havia enviado o fax necessário para os procedimentos, e por isso estava parado a avaliação da reclamação. Liguei para a agência, pedindo a pessoa que me havia atendido que me retornasse. Como ela não retornou voltei à agência, o que significa mais horas de trabalho perdidas. A agência dizia que o fax havia seguido, a pessoa de São Paulo que ele não havia chegado. Foram alguns dias de ligação de celular para São Paulo e para a agência. É, de celular, porque eu tinha que fazer isso entre uma atividade e outra, senão eu ia perder muito mais do que cinquenta reais.
Comecei a ficar exausta e insegura. Encontrei um amigo que é advogado e pedi sua orientação. Ele pegou os documentos que eu tinha e me aconselhou a acionar o banco. O que eu queria na verdade era ser ouvida, tratada com respeito e informada com clareza. Acabei aceitando mover a ação. Ele decidiu tudo a partir daí. Eu tinha problemas pessoais, profissionais e familiares para resolver. E tem a questão do respeito profissional. Eu entendo de comunicação, ele de ações jurídicas.
Algum tempo depois foi marcada a primeira audiência, de conciliação. Nem bem nos cumprimentamos e a jovem advogada do banco informou que não haveria conciliação. Até ai tudo bem, é direito deles. Todos podemos discordar, mas respeito é algo essencial entre pessoas e partes. De repente , enquanto aguardávamos ser chamados, a advogada deles sumiu resolvendo outras coisas por ali. Achei muita descortesia, afinal para estar ali na hora eu nem havia parado para comer, e meu advogado tinha outro compromisso no Centro. Resolvi deixar para lá, podia ser impressão minha. Eu esperava sinceramente que fosse. Quando fomos chamados foi tudo muito rápido, e a advogada do banco pediu à juíza que eu fosse intimada a depor.
Hoje é a segunda audiência, quando terei que depor. Espero muito sinceramente que seja para esclarecimento dos fatos, e não uma tentativa de me desacreditar ou ofender. Quanto desgaste! Antes eu tivesse ligado para outra pessoa qualquer e  ido à delegacia entregar a nota. Eles teriam aberto uma investigação para saber quem estava colocando dinheiro falso em caixas eletrônicos, isso poderia ajudar muitas outras pessoas. Eu não teria me aborrecido tanto, nem perdido tanto dinheiro e tempo, fora a confiança de consumidor de que tanto me gabava. Bem, eu tenho outras coisas a dizer sobre isso, reflexões sobre compromisso, trabalho, lucro e respeito. Mas deixarei para depois. Quando eu chegar eu conto para vocês como foi. Até mais tarde!

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