Jornalismo: minha paixão, minha vida

Uma carreira que se constrói com talento e determinação

por Mônica d’Oliveira




Pode parecer difícil encontrar uma pessoa jovem que esteja absolutamente convicta de suas escolhas profissionais, e consiga ter clareza quanto a seus planos e projetos, presentes e futuros. Difícil? Talvez. Mas não impossível. Assim é Fernanda Santos Silva, 23 anos, jornalista, formada em 2008 pela Universidade Estácio de Sá.

Moradora da Baixada Fluminense, Fernanda trabalha no Centro do Rio, atua como colaboradora da revista e do site do Projeto Nova Vida e ainda faz pós-graduação em História Contemporânea. Mas falta de tempo não é uma desculpa quando o assunto é a própria formação. Acreditando na importância do Curso de Extensão em Jornalismo de Políticas Públicas e Sociais – JPPS – criado pelo Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência – NETCCON.ECO.UFRJ – em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI – ela não teve dúvidas, se inscreveu e criou meios de conciliar horários para estar presente às segundas de 9:30 às 13:00 no Auditório da Central Multimídia da Escola de Comunicação da UFRJ, no Campus Praia Vermelha.

Modesta, ela acha difícil falar sobre si mesma. Caseira, amante da família, religiosa, Fernanda se define como “um pouco chatinha, metódica, mas divertida”. E apesar de alegar menos experiência profissional que os demais colegas de curso, ela já atuou, trabalhando como colaboradora ou estagiária, em rádio, televisão, internet, assessoria de imprensa e revista. Só lhe falta experimentar a rotina das redações dos jornais, um de seus veículos preferidos.

“Como todo jovem recém formado, meu objetivo era começar logo a exercer minha profissão, e de preferência, na parte mais romântica do jornalismo, escrevendo matérias, tocando e conscientizando as pessoas de alguma forma, ajudando a mudar a sociedade, ou ainda virar uma pesquisadora da influência dos meios de comunicação em nosso tempo, e as relações desse tempo com os meios. Ganhar um prêmio ESSO, ou trabalhar em um grande jornal, também faziam, e continuam fazendo parte dos meus sonhos, afinal o jornalismo também tem seu glamour”, comenta.

Aluna dedicada, Fernanda confessa que a paixão pelo jornalismo foi descoberta ao longo do curso, entre momentos de choro e dúvidas, alternado com realizações que lhe encheram de alegria e lhe deram a certeza de ter feito a escolha certa. Quanto mais conhecia as possibilidades infinitas da profissão mais se percebia parte dela. “Mesma paixão que me motivou a escrever com afinco meu trabalho de conclusão de curso, e que me motivou a apresentá-lo, meses depois, para colegas do campus Tom Jobim, em uma jornada científica.”, revela.

Sua monografia “Discurso e poder: Uma análise do discurso do Jornal Nacional sobre o governo de Hugo Chávez” buscou verificar se a cobertura que o telejornal fez da não renovação da concessão da RCTV evidenciava ou privilegiava uma perspectiva neoliberal. Seus examinadores logo lhe estimularam a pensar em cursar o mestrado. Essa é uma de suas metas futuras, já que pensa em um dia poder contribuir com as novas gerações dando aulas de comunicação, mas ainda não sabe como irá materializar esse objetivo.

E quando questionada dos motivos para optar por uma pós-graduação em História Contemporânea ela imediatamente esclarece que poderia ter escolhido um curso de marketing ou de comunicação empresarial, mas que acredita na contribuição destes conteúdos para a compreensão e fortalecimento de sua formação como jornalista. Ressalta que está aprendendo muito sobre as ideologias que fundaram o pensamento moderno e destaca que esta experiência tem lhe possibilitado “um intercâmbio muito grande com diversas áreas do saber, professoras de história engajadas e conscientes politicamente, outros nem tanto; advogados, psicólogas; bacharéis em relações internacionais, enfim pessoas diferentes de mim, que podem me ensinar muito.”

Pouco tempo depois de formada, em novembro de 2008, Fernanda foi convidada a trabalhar como redatora em uma Assessoria de Comunicação, a Demberg.Com – Comunicação Integrada (www.demberg.com). Segundo sua própria avaliação, essa é a realidade para a maioria dos recém formados. Estando as redações cada vez mais enxutas e o mercado jornalístico absorvendo menos profissionais, um grande contingente de novos jornalistas acaba sendo direcionado para as Assessorias de Comunicação.

Seu primeiro trabalho foi a edição de uma newsletter para uma empresa de transporte de cargas de produtos perigosos. Após cinco meses de atividades, ela conquistou seu espaço dentro da empresa, e hoje, além das funções de redatora, ainda coordena os trabalhos de sua equipe no desenvolvimento dos projetos que lhes são designados. Atualmente atua em quatro projetos: um site para uma associação de juízes federais do RJ e do ES; um plano de comunicação para um estúdio de pilates, localizado na Ilha do Governador; um site de comércio de dvds sobre a segunda guerra mundial e uma promoção e atualizando o site do AA Ski Club.

“E tenho aprendido muita coisa em meu trabalho. Mesmo atuando em uma empresa preocupada em posicionamento dos clientes diante do mercado, e coisas afins, creio que o jornalismo, por vocação, tem compromisso com o social, com a ética, com a cidadania, por isso procuro fazer meu trabalho sempre tendo o cuidado de deixar transparecer isso, comunicar a verdade, não apenas por temer as conseqüências da lei, mas por uma questão de princípios.”, frisa.

Afora os compromissos com o trabalho e o estudo, Fernanda ainda escreve como colaboradora para veículos da igreja que freqüenta: a Revista Projeto Vida Nova e o site Projeto Vida Nova (www.projetovidanova.com.br). Ela conta o conteúdo tenha uma abordagem editorial que atenda às expectativas da comunidade evangélica, as pautas são selecionadas de situações cotidianas de interesse geral. Para estes veículos ela já escreveu sobre transexuais, sobre prosperidade, sobre o Parapan, sobre concursos, sobre a crise, sobre eutanásia, entre outros. Ao citar momentos em sua carreira, ela relembra uma destas matérias, “BOPE pela paz”, publicada online, onde entrevistou o capitão Ivan Blaz, da seção de comunicação social do BOPE, e depois ouviu dele que por influência deste contato ele havia começado a fazer uma pós em comunicação integrada.

E se ainda lhe sobra tempo o que fazer? Ler. Um dos autores que mais gosta é Machado de Assis. Vez por outra, retoma a leitura de suas obras, apaixonada que é pela forma como ele dialoga com os leitores. Acabou de ler Quincas Borba. Prefere mencionar as obras que lhe emocionaram, entre elas “Morte e Vida Severina”, auto de natal de João Cabral de Melo Neto, “Meninos de Areia” de Jorge Amado, “Dom Quixote de La Mancha” de Miguel de Cervantes, e o livro evangélico “Senhor em que posso te servir” de Marcos Witt.

“Existe um poema do Manuel Bandeira, se não me engano, onde ele diz: “Não quero um lirismo que não seja libertação!”e eu penso assim do jornalismo: “Não quero um jornalismo que não seja libertação!”e sei que eu posso fazer esse tipo de jornalismo, foi para isso que me formei.” – proclama Fernanda.
Com certeza, daqui a algum tempo, continuando com tamanha determinação, Fernanda Santos conseguirá realizar seus sonhos, obter o merecido reconhecimento, mantendo sempre esta convicção na possibilidade de um jornalismo exercido com respeito e integridade.

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